segunda-feira, 1 de março de 2010

Recém casados: manual da justiça



Recém casados: manual da justiça (ou da justiceira?)


Uma boa idéia seria que no banheiro de casal houvesse , para ele, um mictório, e, para ela, um vaso sanitário com a tábua baixada E COLADA no vaso para nunca sair dessa posição.


Justo também seria uma geladeira ao contrário. Justo não, justíssimo. Uma geladeira que fosse 20% geladeira. Com 80% de congelador (pras lasanhas, pizzas e tudo o mais que sai direto do congelador pro microondas e, depois, vai parar na lava-louças com aquele prato todo branco, comprado depois de expirar o prazo de troca dos dezoito conjuntos de pratos de porcelana chinesa, pintados a mão, que o casal ganhou no casamento). É que pra ir à lava-louças não pode ser pintado. Só que o marido, que é PhD, e a esposa, que fez mestrado na Sorbonne, só descobrem isso depois da quinta semana de “lavação de louça suja”. No fim das contas, o casal guarda os dezoito conjuntos de prato no mesmo “apertamento” em que guarda o enxoval comprado em outra cidade e manchado pelas inúmeras estréias da máquina de lavar roupas. E, na cozinha, só os seis pratos brancos. Para sempre. Até quando tem visita (se a visita for íntima).


E por falar em visita íntima, o casal ganhou um presente de casamento, no mínimo, interessante. De alguém do trabalho. Tinha que ser de alguém do trabalho. Um livro. Chamado “Sexo no cativeiro”. Engraçado que todos já os tinham alertado para “não deixar cair na rotina”. Mas nunca de um jeito tão direto. Eu só sugeriria o subtítulo: Manual do reFém-casado.


E já que falei em visita íntima e refém (casado), vou adentrar o assunto da “superpopulação Parcerária”. É... Ela tinha seis guarda-roupas lotados mais uma arara* com roupas espalhadas quando era solteira. Depois do casamento querem que ela tenha apenas três portas de guarda-roupas (ou, quando o marido é mais generoso, deixa quatro portas para ela e fica com apenas duas para si). Aí, sim, ela vai “ficar uma arara”, vai se lembrar de sua antiga amiga arara, vai doar algumas roupas e, com o que sobrou, tentar fazer caber o dobro das coisas em metade do espaço. Acontece que depois que se esquece a Física aprendida na escola, ela só é relembrada no dia da mudança das roupas do casal. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.


A não ser na lua-de-mel. Provavelmente o único momento em que o casal terá tempo de ler os manuais. Ela, o dele. Ele, o dela. É o tempo de “amor tecer”.


Carolina Sousa Martins

2010


* Glossário masculino:

. Arara: armação utilizadas pelas lojas para pendurar as roupas, em cabides.

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