quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

E, assim, as mocinhas se tornam MEGEEERAS...


E, assim, as mocinhas se tornam MEGEEERAS...
(o título é da minha colega de trabalho, Robertinha – inteligentíssima:
peculiarizar.blogspot.com )

Momento para pausa.

Menopausa.

O Ministério da Saúde adverte: este texto é prejudicial ao feminismo.

Se você está “empanturrado” de machismo, melhor parar por aqui.

A pergunta “p” é: quando e onde elas se tornaram assim?

Quando foi que aquela chefe se tornou “a bruaca”, “a bruxa”, “a fera”, “a inquisilady”, “a carrasca”, “a feitora”, “a megera indomada”, “a capitã-do-mato do inferno”??? Quando foi que ela se tornou digna de tantas condecorações?

Começo um texto sem método e sem ciência. Com ciência de que incomoda. Para ver se vira moda tentar levar consciência.

Sem método, sem ciência e, pior: recheado de meu machismo empírico.

Antes de começar, peço pausa.

Eu não fui sempre machista. Muito pelo contrário. Nasci com um gene feminista. Que socializei. Ou foi socializado. “Fenotipei” meu gene feminista, que queimou sutiã! Fiz dele um gene que adooora usar sutiã, lingerie e até corpete!

Entendam: não “o suicidei”! Mas já que eu vou passar toda a minha vida pertencendo à categoria “mulher num país machista”, que eu pelo menos entre no elevador primeiro, não tenha que fazer o enooorme esforço de puxar minha própria cadeira ou chamar o garçom, não estrague minha unha abrindo a porta do carro e faça parte do primeiro grupo a ser salvo num naufrágio ou num incêndio!

Mulheres e crianças primeeeiro!!! Mas só em caso de emergência. No dia-a-dia, eu voto nelEs! E explico.

Reza a lenda que, num Reino distante daqui, uma assessora da Corte jogou café no garçom porque o café estava frio. Não sei por que me veio à cabeça agora uma dúvida sobre a origem da palavra “cortesã”... Suspeito de que a assessora DA CORTE foi titular do primeiro apelido carinhoso com que uma mulher no poder deve ter sido agraciada: CORTESÃ!

Estado civil: sozinha.

Num país da América do Sul, corre, à boca pequena, a lenda urbana sobre uma juíza que ameaçava os seus subordinados, gritava, batia na mesa e xingava-os.

Estado civil: sozinha.

Parece ainda que nesse mesmo esquisito país, várias e várias mulheres fazem nascer uma paradoxal geração de poderosas sem poder próprio. E como explicar o fenômeno à minha avó? Mulher era “mão-de-obra DÓCIL”!!! Como explicar cobranças judiciais de indenização por assédio moral cometido por MU-LHE-RES? Tá, eu sei. Por homens, também. Mas elas, aparentemente, têm algo em comum.

Estado civil: sozinhas.

São essas chefes, coordenadoras, diretoras, presidentes e congêneres que, sem saber manobrar uma gestão de pessoal eficiente, especializam-se em "enricar" o nicho dos médicos, psicólogos, psiquiatras e demais “curandeiros” de almas atormentadas - seus subordinados.

Estado civil: sozinhas.

Antes de querer me matar, se leu até aqui, eu imploro: prossiga com a leitura.

Não falo das solteiras. Para aqueles que acham que toda mulher que não depende de homem é "mal amada": eu ainda os acho uns idiotas!


Para os alienígenas que eventualmente estejam lendo esse texto, solteiros são os espíritos constantemente chamados à evolução. Solteiros são a categoria cujos carros pagam seguros mais caros. Solteiros são aqueles que não têm desculpa para não fazer hora-extra. E, como se não bastasse, solteiros que se candidatam a líderes de governo ainda são vistos com uma gratuita desconfiança por quem pensa que casamento rima com austeridade. 'Tá na cara: não rima!

Solteiros não participam de um estado civil, mas da única fase da vida que tem despedida. E quanto aos sozinhos... ah, esses são muito diferentes dos solteiros! Sozinhos não têm “despedida de solidão”. E sozinhos não têm nem mesmo despedida de solteiro.

Sozinhos não têm amigos com quem partilhar despedidas. Ou reencontros. Ser sozinho é não ter a quem dar a mão.

Sozinhas são as casadas, mas separadas. Não importa nem se dormem em camas separadas, mas importa se têm vidas separadas e vivem uma separação dentro do próprio casamento. Sozinhas são as mães que vêem seus filhos crescidos lhes cobrando a atenção negligenciada na infância. Sozinhas são essas mães que não têm dívidas financeiras, mas têm dívidas de tempo, de carinho e de amor que jamais poderão ser saldadas.

Sozinhas são as divorciadas que decidiram nunca mais acreditar no amor. Sozinhas são as solteiras que não se dispõem a abrir mão de nada para dar espaço a esse mesmo amor. Sozinhas são as que, em três palavras, NÃO TÊM AMOR! Nenhum tipo de amor. A olhos nus. E acham que têm.

Infelizmente o sucesso não faz companhia.

Carolina Sousa Martins



4 comentários:

Roberta Fraga disse...

Carol, algumas palavras:
Pertinente;
Sugestivo;
Inspirador;
Genial!!!!
Que nós guardemos e cultivemos o melhor de nós mesmos, independentemente, do gênero ou do transgênero.
PS.: Minha querida, o título é seu, extraí da sua boca.

lúcis disse...

Minha Querolinda, geralmente, meus comentários são iniciados com a frase similar "sem palavras". Desta vez, será diferente!
Ler seus textos é como ouvir Tim Maia, me dá arrepios! É sério, vc prende a atenção!
Neste, vc conseguiu trancrever algo que vai além do meu pensamento, o meu cotidiano!
Não sei porque ou como, mas é como se eu mesma o tivesse escrito!

Parabéns amiga!

Lu*

Mulher de Fases™ disse...

Ola td bem ? Adorei sua visita no meu blog e, melhor ainda, por ter comentado. Li alguns dos seus post e amei, de verdade !!! Sobre aquela das sandálias, poxa vida !!! Sacanagem ... espero q dê tudo certo no final e vc consiga ao menos ressarcir o dinheiro. Apareça sempre tá ? Beijo gde. Vc é uma pessoa iluminada ;)

Mulher de Fases™ disse...

Ola td bem ?
Indiquei vc no meme.
Da uma olhada e participe !!!
http://mogiroto.blogspot.com/
Beijo.