sexta-feira, 11 de julho de 2008

EM-ti-AR-de-SER


Achei que nunca ia querer me casar. Hoje, passou. Sinto gosto de alívio. Gosto de alívio com cheiro de cânfora. De pós-depilação. Já sei, ele não entendeu. Ele é homem (talvez por isso não sangre tanto). Hoje eu creio num amor inoxidável! Melhorou? Não, acho q ele também não entendeu.

Achei que quanto mais longo o namoro, maiores a chance de um casamento durar. Hoje penso o contrário. Namoro longo, casamento curto. Ou não.

Achei que eu precisava escolher uma profissão útil. Hoje isso tem nome: utilitarismo. Hoje essa não é a única opção. E hoje as melhores coisas da vida são inúteis.

Achei até que tinha que fazer Direito. Hoje sei que o importante é fazer direito.

Achei também que alguns homens eram tímidos. Hoje? Desinteressados!

Achei que as quedas tinham me machucado. Hoje sei que me fizeram parar antes da tempestade.

Hoje a vida talvez doa menos. Mas arde tanto quanto!

Arde quando me sinto prostituta na vitrine de Amsterdã à procura de um emprego que me pague melhor.

Arde quando me sinto criança perdida da mãe, com obrigação de general de um exército.

Mas arde também quando o coração descarrilha e vê que tropeçar nas mesmas pedras me traria aqui de novo.

Arde quando enxergo como é bom ser AMADORA e quero continuar AMANDO.

E arde quando percebo que se estivesse SENTINDO tudo isso SEM “TI”, estaria apenas SENDO.

Arde mais, ar de menos, arde depois. Mas isso é entre nós dois.

Carolina Sousa Martins

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