sexta-feira, 11 de julho de 2008

Sábado à noite em casa


Sábado à noite em casa. Esse texto já começou mal. Eu tinha que escrever um “paper”, mas mesmo que quisesse ir pra “night”, hoje eu não teria conseguido. Uma ‘tá com dor de dente, a outra com dor de barriga, a outra ‘tá brigando com o namorado... E esse celular que não toca! Nenhuma mensagen-zinha, nem que seja por engano, nenhuma ligação-zinha não atendida...

“Fazer o quê, cidadão?” Cara a cara com o computador, decido... ir cozinhar! Já que nada está dando certo, vou tentar fazer uma sobremesa pro churrasco de amanhã. Só que ir pra cozinha porque nada está dando certo é um erro me-do-nho! Com certeza nada do que você tentar fazer vai dar certo. Constatei isso. O bolo murchou. E o doce... virou pedra! Pra finalizar, meu irmão chega em casa e vê a proeza da madrugada: “eu sabia que vocês comiam doce quando ‘tavam carentes, mas isso que você ‘tá fazendo é suicídio!” Só que quando a gente se dá mal com certa freqüência, querido, tem que ser mais criativa... Do contrário, quando ficar obesa de tanto remediar a carência com doce, carente vai ser meu estado permanente! Então partimos pra tratamentos alternativos: chocolate “diet”, ligar pra algum “pretê” desinteressante (só pra ouvir o quanto somos maravilhosas...) ou FAZER alguma coisa! (fiquei com essa opção: fazer!)

Pra variar, levei um drible (ou um “s”!?). Estresse... (que, de acordo com uma amiga, é o “coringa” da Medicina: o diagnóstico de todo médico que não sabe o que dizer). E daí? Não se diz que “solidão é não ter nada pra ler”? Se eu resolvesse começar a ler tudo o que tenho que ler, não ia ficar só durante meeeses! Mas solidão deve ser não ter nada de que SE ESTÁ A FIM de ler. Ou apenas nada do que se está a fim. Ninguém de quem estar a fim. Ninguém afim. Afim? A fim? A fim de quê? De nada. Ninguém ‘tá a fim de nada. Nem nós. Nem eles.

“A gente se vê.” Tem frase pior do que essa depois de uma noite ma-ra-vi-lho-sa? Ele faz tudo certo, vai te deixar no carro... e: “a gente se vê”. Romance-a-jato. O cérebro já faz a tradução simultânea: “nem eu te ligo, nem você me telefona”. Pior que isso, só: “se cuida!” Pode saber: ele não te liga nuuunca mais! Eu preferiria ouvir: “Obrigado pela preferência. Volte sempre”. Eu voltava.

Desisto da carreira de cozinheira e vou lavar as mãos pra ir dormir. Minha ironia mal-humorada me lembra Pôncio Pilatos. Ou Ivan Lins ... “só não lavei as mãos e é por isso que me siiin-to cada vez mais liiim-po...” E eu de mãos lavadas e tão “cheia de mim” que me sentia vazia. Tentando preencher o vazio, não enchendo meu estômago, dessa vez, mas o dos outros... Meu estômago já ‘tá cheio. Dos sapos, que eu engulo. Aliás, vai acabar indo pro brejo, de tanto eu engolir sapo! E deve ser por isso que minha barriga ‘tá tão grande... Coach!

Carolina Sousa Martins

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