quinta-feira, 17 de julho de 2008

Vira-lata


Você me apareceu de forma tão brusca
E pôs fim à minha busca.
Chegou sem tocar-me o corpo, com calma,
Para me arrepiar a alma.

E sem corpo, na alma, sou leve
E permito mais cedo me enleve.
E sem culpa, meu corpo é suave,
Prelúdio de um tom menos grave.

Ficou sem se pôr por cima ou por baixo
Pra que eu quisesse estar ao seu lado.
Uniu-se a mim como um pacho
De cura de amores passados.

Resolveu me salvar dos meus traumas,
Emprestando-me o corpo e a alma.
Pelo que sou hoje, me deseja
E não pelo que almeja que eu seja.

Cedeu-me além de seu colo,
Brindou minha inquietude,
Expôs seu amor e seu dolo,
Riu da minha juventude.

Teu beijo, nem sei se mereço
Mas por ele, padeço, pereço...
Cura de um medo de amar evidente...
Resposta às minhas preces, de repente...

Não mais, de rua, fiel vira-lata
A ser-te agora apenas fiel,
Hoje é dia de se saber emergente,
Hoje teu ombro se faz urgente.

Carolina Sousa Martins

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